Oficina “Paper Made” - Museu do Papel no âmbito do evento "aos papéis"
Realizada pelo Museu do Papel, no passado dia 8 de maio, nas instalações da Cooperativa Árvore, a oficina Paper Made voltou a ser relembrada aos alunos da Escola Artística e Profissional Árvore aquando da visita ao Museu para a inauguração da exposição "ready made - manifestos".
A oficina teve duas componentes criativas, uma dedicada à produção de papel folha-a-folha, a partir de papel usado, promovendo a reciclagem ou a reutilização do papel que tendo cumprido com outros fins ou com a veiculação de determinadas mensagens, pode ser utilizado de uma nova forma, comunicando novas sensações ou “manifestos”. A outra componente da oficina esteve ligada ao “consumo”, dando enfoque ao “papel do papel” na produção das embalagens, fazendo uma viagem ao mundo dos “cartuchos de papel” como forma de acondicionar tudo aquilo que era vendido nas antigas mercearias, até aos dias de hoje em que tudo nos é vendido aos “pacotes”.
Exposição "ready made - manifestos", no Museu do Papel, Paços de Brandão 2017 | trabalhos dos alunos da Escola Artística e Profissional Árvore
A exposição de livros de artista pensada para este ano no evento “aos papéis” vem enfatizar dois caminhos
que se cruzam, os 100 anos da criação da Fonte de Marcel Duchamp (1917) e o tema das Vanguardas
artísticas através dos seus Manifestos.
Como pensar e fazer “livros” que sejam manifestações de um “outro” e/ou de uma “outra” forma, conceito, linguagem e simultaneamente possam ser o que são, como livros mas também como objetos, gestos, imagens, palavras, pensamentos, instantes e/ou memórias abertas à reflexão: do seu enquadramento artístico, das suas múltiplas definições e do seu estatuto na arte.
Nas primeiras décadas do século passado, a arte renova-se em diferentes movimentos, manifestos e ações, experiências e dinâmicas. Procurando encontrar-se mais próxima das transformações do tempo de agitação e inovação que se vivia na época e potenciando-o, reflectindo sobre ele e/ou tornando-o como referência, trilharam um futuro em aberto. Falamos de um século corrido, de novas práticas, linguagens, com novas abordagens, outras perspectivas e outras reflexões. Que legados temos hoje? Que diferenças e distâncias? Que proximidades e controvérsias?
Neste mundo global, hipereferenciado, conectados a “tudo” e a “todos”, num tempo e espaço quase simultâneos, somos nós ready-mades sem escapatória possível? Praticamente todas as vanguardas lançaram manifestos – textos/programa que divulgavam as propostas das novas formas de expressão artística e definiam estratégias concetuais e formais para alcançá-las em termos de práticas. Todas elas tinham uma intenção comum: romper radicalmente com os princípios que orientavam a produção artística do século XIX. O termos vanguarda tem assim um carácter de ruptura, de choque e de abertura. Ruptura com os valores e princípios do passado; Choque com as expectativas do público; Abertura a novos modos de olhar e interpretar a realidade em permanente estado de transformação.
Duchamp ao expor a sua Fonte, um urinol assinado com o pseudónimo de R.Mutt (conhecido fabricante de sanitários), no Salão dos Independentes, referente também à palavra “mutation” (mutação) e à palavra mudo, de calado, competindo com as obras de outros escultores, traz o ready-made como forma de explicitar as novas relações que se estabelecem actualmente entre produção e artista, produção e recepção especializada e não especializada. Considerando a fonte de Duchamp como a própria expressão de um manifesto, um manifesto objetual e ação, um manifesto carregado da ironia do artista no seu descomprometimento com a própria noção de obra de arte e do seu estatuto? Ou seja, e desde o seu “aparecimento”, ao seu “desaparecimento” até ao “atentado” que sofreu, em 2006, no Centro Pompidou em França, continua esta a gerar diversas manifestações de sentido e de posicionamento crítico que a própria obra em si contém? Se os próprios manifestos podem ser textos, imagens, objectos, se os livros também são ditos como fontes, como registos de momentos que fazem história, então e os livros de artista? Que papel, função, expressão, que lugar, que tempo, que questões, que respostas nos podem trazer?
No dia 12 de Maio, no Museu do Papel, inaugura a exposição que conta com os trabalhos dos alunos do 1º DG, 1º CPM e 3º DG da Escola Artística e Profissional Árvore.
As temáticas abordadas nos trabalhos, de livros de artista, fanzines, cadernos e objetos-livro foram, desde os manifestos das vanguardas artísticas da primeira metade do Século XX, como aos manifestos de carácter social e político, relacionados com princípios e direitos democráticos. Todos procuraram estabelecer uma relação entre a importância da sua construção histórica e a necessidade de os relembrar no presente.Tornando assim as premissas definidoras de conceitos e práticas a eles inerentes, sejam no domínio mais específico das expressões artísticas, sejam no âmbito da vida do dia a dia, mais capazes de serem cumpridas, clarificadas e em simultâneo remanescentes mas adaptadas ao mundo actual.


Como pensar e fazer “livros” que sejam manifestações de um “outro” e/ou de uma “outra” forma, conceito, linguagem e simultaneamente possam ser o que são, como livros mas também como objetos, gestos, imagens, palavras, pensamentos, instantes e/ou memórias abertas à reflexão: do seu enquadramento artístico, das suas múltiplas definições e do seu estatuto na arte.
Nas primeiras décadas do século passado, a arte renova-se em diferentes movimentos, manifestos e ações, experiências e dinâmicas. Procurando encontrar-se mais próxima das transformações do tempo de agitação e inovação que se vivia na época e potenciando-o, reflectindo sobre ele e/ou tornando-o como referência, trilharam um futuro em aberto. Falamos de um século corrido, de novas práticas, linguagens, com novas abordagens, outras perspectivas e outras reflexões. Que legados temos hoje? Que diferenças e distâncias? Que proximidades e controvérsias?
Neste mundo global, hipereferenciado, conectados a “tudo” e a “todos”, num tempo e espaço quase simultâneos, somos nós ready-mades sem escapatória possível? Praticamente todas as vanguardas lançaram manifestos – textos/programa que divulgavam as propostas das novas formas de expressão artística e definiam estratégias concetuais e formais para alcançá-las em termos de práticas. Todas elas tinham uma intenção comum: romper radicalmente com os princípios que orientavam a produção artística do século XIX. O termos vanguarda tem assim um carácter de ruptura, de choque e de abertura. Ruptura com os valores e princípios do passado; Choque com as expectativas do público; Abertura a novos modos de olhar e interpretar a realidade em permanente estado de transformação.
Duchamp ao expor a sua Fonte, um urinol assinado com o pseudónimo de R.Mutt (conhecido fabricante de sanitários), no Salão dos Independentes, referente também à palavra “mutation” (mutação) e à palavra mudo, de calado, competindo com as obras de outros escultores, traz o ready-made como forma de explicitar as novas relações que se estabelecem actualmente entre produção e artista, produção e recepção especializada e não especializada. Considerando a fonte de Duchamp como a própria expressão de um manifesto, um manifesto objetual e ação, um manifesto carregado da ironia do artista no seu descomprometimento com a própria noção de obra de arte e do seu estatuto? Ou seja, e desde o seu “aparecimento”, ao seu “desaparecimento” até ao “atentado” que sofreu, em 2006, no Centro Pompidou em França, continua esta a gerar diversas manifestações de sentido e de posicionamento crítico que a própria obra em si contém? Se os próprios manifestos podem ser textos, imagens, objectos, se os livros também são ditos como fontes, como registos de momentos que fazem história, então e os livros de artista? Que papel, função, expressão, que lugar, que tempo, que questões, que respostas nos podem trazer?
No dia 12 de Maio, no Museu do Papel, inaugura a exposição que conta com os trabalhos dos alunos do 1º DG, 1º CPM e 3º DG da Escola Artística e Profissional Árvore.
As temáticas abordadas nos trabalhos, de livros de artista, fanzines, cadernos e objetos-livro foram, desde os manifestos das vanguardas artísticas da primeira metade do Século XX, como aos manifestos de carácter social e político, relacionados com princípios e direitos democráticos. Todos procuraram estabelecer uma relação entre a importância da sua construção histórica e a necessidade de os relembrar no presente.Tornando assim as premissas definidoras de conceitos e práticas a eles inerentes, sejam no domínio mais específico das expressões artísticas, sejam no âmbito da vida do dia a dia, mais capazes de serem cumpridas, clarificadas e em simultâneo remanescentes mas adaptadas ao mundo actual.
Exposição "ready made - manifestos" | no Museu do Papel
Rua Rio Maior nº 301, Paços de Brandão | 2016
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