Fazer para prosseguir, dizer para continuar – o
tempo contra o espaço. As estações, as interrupções, o finito infinito,
cruzando passado, presente e futuro, são “os outros dias que se sonharam, são
os dias que poderiam ter sido, são os dias que virão a ser, são os dias que só
depois o terão sido, os dias de hoje também."
“Que está aquela ali a fazer? diz ele – que sentido
tem? diz ele.”
A partir do texto de Samuel Beckett “Ah! Os dias
felizes.” segue-se um monólogo, autodiálogo,de uma personagem central, mulher,
onde em vez de enterrada no solo, como a personagem de Beckett, se situa numa
janela aberta a quem passa. Alterando a expressão de espanto para momentos de
suspensão do todo, exclamando o final de uma frase vezes sem conta, numa
sucessão de encadeamentos, de fragmentos e repetições, dão-se os encontros,
consigo, com o mundo, com a vida.
“E isto? pergunto eu – é suposto ser o quê?”
Texto: Cristina de OAlves (Madame Zine)
Técnica/Materiais:Transferência
de imagem sobre tela (fotografia), com aguarela e tinta acrílica, livro com diversos
tipos de papel colados e fotografias de auto-retratos sobre papel de aguarela,
moldura, dobradiças e fecho de metal.