Como surgiu a ideia de criar o "O Homem doSaco"?
A associação nasceu em novembro do ano passado, na sequência da cisão
de uma anterior associação da qual também fui fundador, a Oficina do Cego. Por motivos de divergência em questões estratégicas, eu e outros
membros do grupo avançámos para este projeto, ao qual se juntaram outras pessoas com interesse
pela edição. No fundo somos uma espécie de tipógrafos amadores. Procuramos imprimir o melhor possível,
privilegiando uma certa invenção e uma certa liberdade. A nossa ideia sempre foi unir um grupo de pessoas, ligadas à
pequena edição permitindo explorar outras possibilidades de impressão, outros materiais
que não são habituais nos dias de hoje. Somos atualmente um grupo de nove pessoas, do qual fazem parte, para além de mim, Eduardo Brito, Ricardo Castro, Manuel Diogo,
Luís França, Rui Miguel Ribeiro, Mariana Pinto dos Santos, Joana Gama e Joana Pombo, e demos à associação o nome de Landscapes d'Antanho, numa espécie de homenagem ao pintor
Eduardo Batarda, que utilizou esta expressão num a aguarela, e à qual achámos piada.
A associação nasceu em novembro do ano passado, na sequência da cisão
de uma anterior associação da qual também fui fundador, a Oficina do Cego. Por motivos de divergência em questões estratégicas, eu e outros
membros do grupo avançámos para este projeto, ao qual se juntaram outras pessoas com interesse
pela edição. No fundo somos uma espécie de tipógrafos amadores. Procuramos imprimir o melhor possível,
privilegiando uma certa invenção e uma certa liberdade. A nossa ideia sempre foi unir um grupo de pessoas, ligadas à
pequena edição permitindo explorar outras possibilidades de impressão, outros materiais
que não são habituais nos dias de hoje. Somos atualmente um grupo de nove pessoas, do qual fazem parte, para além de mim, Eduardo Brito, Ricardo Castro, Manuel Diogo,
Luís França, Rui Miguel Ribeiro, Mariana Pinto dos Santos, Joana Gama e Joana Pombo, e demos à associação o nome de Landscapes d'Antanho, numa espécie de homenagem ao pintor
Eduardo Batarda, que utilizou esta expressão num a aguarela, e à qual achámos piada.
E quais são os vossos objetivos?
Pretendemos usufruir da ideia de máxima liberdade de trabalho e de criação. Pretendemos,
sobretudo, fazer as nossas próprias edições, ocasionalmente aceitando outros trabalhos.
A nossa preocupação não é conquistar mercado, mas sim produzir edições, de pequena tiragem,
controlando todos os passos, desde a escolha do papel, ao design e à impressão.
sobretudo, fazer as nossas próprias edições, ocasionalmente aceitando outros trabalhos.
A nossa preocupação não é conquistar mercado, mas sim produzir edições, de pequena tiragem,
controlando todos os passos, desde a escolha do papel, ao design e à impressão.
Atualmente disponho de mais tempo para este projeto, mas todas as pessoas deste grupo
têm o seu emprego, e este é um trabalho que fazemos, paralelamente, por gosto.
Queremos, por isso, aproveitar bem este tempo e, por isso, trabalhamos com grande liberdade.
Temos material tipográfico, que está à disponibilidade dos membros da associação, alguns dos quais
têm pequenas editoras, nomeadamente a Pianola, a Momo, Diário de um Ladrão,
têm o seu emprego, e este é um trabalho que fazemos, paralelamente, por gosto.
Queremos, por isso, aproveitar bem este tempo e, por isso, trabalhamos com grande liberdade.
Temos material tipográfico, que está à disponibilidade dos membros da associação, alguns dos quais
têm pequenas editoras, nomeadamente a Pianola, a Momo, Diário de um Ladrão,
Edições 100 Cabeças e a Troppo Inchiostro. No fundo, a associação acaba por responder
às necessidades dos próprios membros e penso que podemos dizer, apenas por graça, que
formamos um grupo editorial. Também pretendemos, porque gostamos muito de o fazer, promover sessões públicas, cerca de uma vez por mês, embora sem uma regularidade fixa, em que abrimos as portas para que as pessoas assistam ao nosso trabalho. Anunciamos as datas
antecipadamente no nosso blog. Na última sessão, por exemplo, fizemos a impressão de um pequeno livro.
às necessidades dos próprios membros e penso que podemos dizer, apenas por graça, que
formamos um grupo editorial. Também pretendemos, porque gostamos muito de o fazer, promover sessões públicas, cerca de uma vez por mês, embora sem uma regularidade fixa, em que abrimos as portas para que as pessoas assistam ao nosso trabalho. Anunciamos as datas
antecipadamente no nosso blog. Na última sessão, por exemplo, fizemos a impressão de um pequeno livro.
E porquê o nome "O homem do saco"?O homem do saco é o nome do espaço, porque estamos localizados na Rua do Saco. Na verdade, nós
brincamos um pouco com isto, porque vamos inventando nomes e marcas à medida que fazemos novos
trabalhos (risos).
brincamos um pouco com isto, porque vamos inventando nomes e marcas à medida que fazemos novos
trabalhos (risos).
Que equipamento têm, atualmente?Temos algumas prensas, recebemos há relativamente pouco tempo uma Minerva, temos uma prensa
de gravura e um prelo. Gostaríamos de encontrar uma Vander cook, que é um pouco mais sofisticada,
faz tintagem, visto que o que temos atualmente é um prelo de tirar provas.
Entretanto, nos últimos anos, eu e outro membro fundador da associação, Manuel Diogo, com quem iniciei a aventura da tipografia, contactámos alguns tipógrafos que estavam a vender equipamentos antigos. Temos tentado encontrar material para comprar, a um preço justo, para depois o recuperar, e esta é uma vertente muito interessante da
nossa atividade porque conhecemos pessoas muito interessantes, geralmente tipógrafos que
ainda têm equipamento antigo, e que querem libertar espaço. O problema é que por vezes existe alguma especulação à volta destes materiais, porque atraem
outros interesses, nomeadamente em termos de colecionismo. E nós pretendemos o material para trabalhar. No entanto, ao longo do tempo temos conseguido reunir equipamento e material. Recentemente adquirimos, a uma tipografia de Santarém, dois cavaletes e uma Minerva.
de gravura e um prelo. Gostaríamos de encontrar uma Vander cook, que é um pouco mais sofisticada,
faz tintagem, visto que o que temos atualmente é um prelo de tirar provas.
Entretanto, nos últimos anos, eu e outro membro fundador da associação, Manuel Diogo, com quem iniciei a aventura da tipografia, contactámos alguns tipógrafos que estavam a vender equipamentos antigos. Temos tentado encontrar material para comprar, a um preço justo, para depois o recuperar, e esta é uma vertente muito interessante da
nossa atividade porque conhecemos pessoas muito interessantes, geralmente tipógrafos que
ainda têm equipamento antigo, e que querem libertar espaço. O problema é que por vezes existe alguma especulação à volta destes materiais, porque atraem
outros interesses, nomeadamente em termos de colecionismo. E nós pretendemos o material para trabalhar. No entanto, ao longo do tempo temos conseguido reunir equipamento e material. Recentemente adquirimos, a uma tipografia de Santarém, dois cavaletes e uma Minerva.
E têm conseguido obter lucro da vossa atividade?Não, ainda não. É possível até que tenhamos algum prejuízo, tendo em conta que temos despesas
fixas, nomeadamente a renda do atelier.
Na verdade, ainda não obtivemos lucro, porque nos dedicamos a fazer este tipo de objeto, a alimentar este tipo de edição, que não é dirigida amassas. Se conseguíssemos sustentar o espaço e retirar algum excedente seria bom, mas de qualquer forma
somos uma associação sem fins lucrativos, o que faz com que qualquer lucro que se obtenha
reverta para a própria associação. O que pretendemos, em termos mais imediatos, é compensar
o investimento, pagar as despesas fixas com a produção e, posteriormente, conseguir um fundo que
nos permita adquirir mais materiais. O nosso objetivo passa por fazer com que a associação cresça e
tenha mais capacidades de impressão, para podermos fazer outro tipo de edição, mas não temos a
intenção de entrar no mercado comercial.
fixas, nomeadamente a renda do atelier.
Na verdade, ainda não obtivemos lucro, porque nos dedicamos a fazer este tipo de objeto, a alimentar este tipo de edição, que não é dirigida amassas. Se conseguíssemos sustentar o espaço e retirar algum excedente seria bom, mas de qualquer forma
somos uma associação sem fins lucrativos, o que faz com que qualquer lucro que se obtenha
reverta para a própria associação. O que pretendemos, em termos mais imediatos, é compensar
o investimento, pagar as despesas fixas com a produção e, posteriormente, conseguir um fundo que
nos permita adquirir mais materiais. O nosso objetivo passa por fazer com que a associação cresça e
tenha mais capacidades de impressão, para podermos fazer outro tipo de edição, mas não temos a
intenção de entrar no mercado comercial.
E se uma empresa quiser fazer uns convites especiais e recorrer ao vosso atelier?Embora não seja o nosso objetivo, podemos fazê-lo, até porque é uma fonte de rendimento.
Mas não é prioritário, a nossa prioridade passa por seguir um programa editorial próprio,
trabalhando com os autores de quem gostamos. No fundo, manter a atividade o mais próxima possível
daquilo que gostamos. Mas também temos encomendas…
Mas não é prioritário, a nossa prioridade passa por seguir um programa editorial próprio,
trabalhando com os autores de quem gostamos. No fundo, manter a atividade o mais próxima possível
daquilo que gostamos. Mas também temos encomendas…
Têm, apesar de tudo, retirado algum rendimentos dos trabalhos que desenvolvem?As edições que vamos produzindo proporcionam algum rendimento, mas como as pessoas que estão
ligadas ao projeto não têm muita disponibilidade, vamos trabalhando com alguma limitação de tempo.
Produzimos, por exemplo, modelos de livros de pequeno formato, como este
(segura um pequeno livro) que segue este modelo, com um poema muito curto, um aforismo, e uma ilustração. Publicámos algumas obras com a chancela da Pulcino Elefante,
a editora do tipógrafo Alberto Casiraghy, que já visitou o nosso atelier.
Produzimos quatro livros com ele e,posteriormente, mais quatro, com um nome de editora
ligadas ao projeto não têm muita disponibilidade, vamos trabalhando com alguma limitação de tempo.
Produzimos, por exemplo, modelos de livros de pequeno formato, como este
(segura um pequeno livro) que segue este modelo, com um poema muito curto, um aforismo, e uma ilustração. Publicámos algumas obras com a chancela da Pulcino Elefante,
a editora do tipógrafo Alberto Casiraghy, que já visitou o nosso atelier.
Produzimos quatro livros com ele e,posteriormente, mais quatro, com um nome de editora
que inventámos por graça, a "Edizioni Troppo Inchiostro", porque ele queixava se que colocávamos
demasiada tinta (troppo inchiostroem italiano).
demasiada tinta (troppo inchiostroem italiano).
de Luís Henriques
A tipografia está viva. Viva a tipografia!
Um grupo de amigos, entusiastas da pequena edição criativa, uniu-se à volta de um conceito que vive e respira a arte da antiga tipografia. No atelier "O homem do saco", em Lisboa, encontram-se prelos, prensas, uma Minerva, e gavetas recheadas de tipos. Um cenário contrário à tecnologia de ponta que domina o atual mundo das artes gráficas. Aqui fervilha criatividade e paixão pela arte de imprimir, à velha maneira artesanal.