livros por encadernar



Hoje, o tempo faz conversa, voltou a vontade de escrever em mim. Aliás, não é vontade, é revelação, tinta na ponta das unhas e depois a_fluência de páginas por encadernar. Um livro sem armação nem barragens. A mão é o que tenho para mover mais solto, mais rápido, os dedos servem de bico de obra. Vou me construindo de dentro o que deito cá para fora. O caminho faz-se e eu faço-me à estrada, digamos desta forma a empreitada. A vida. Aos tropeções. Construo com tranças, pés embaraçados e misturo-lhe o desejo. [Tento pensar a minha vida do exterior, vê-la passar na rua enquanto sinto o golpe da força matinal.] É de memórias e de boas lembranças o que me ocorre. É da sensação de um novo começo que me acontece este desvario. A escrita a gosto. Fico por aqui. Da janela, capa transparente, ainda te avisto. Ainda és tu do muito que tenho a dizer. E sobre isso, prefiro um desenho, as minhas figuras de letras tristes tentarei vesti-las de riscas e subir-lhes os cantos da boca. Depois, deixarei uma linha no cabeçalho da folha de rosto. Sem nota de rodapé... ou talvez uma pequena citação de ibidem... Sem remate final o que me resta dizer é demasiado.

in escrito/fotográfico - projeto livro manufaturado Silêncio/Ruído : ©cristina de oalves