Ah, os dias felizes! (Livro de Artista), 2016



 

Fazer para prosseguir, dizer para continuar – o tempo contra o espaço. As estações, as interrupções, o finito infinito, cruzando passado, presente e futuro, são “os outros dias que se sonharam, são os dias que poderiam ter sido, são os dias que virão a ser, são os dias que só depois o terão sido, os dias de hoje também."
“Que está aquela ali a fazer? diz ele – que sentido tem? diz ele.”
A partir do texto de Samuel Beckett “Ah! Os dias felizes.” segue-se um monólogo, autodiálogo,de uma personagem central, mulher, onde em vez de enterrada no solo, como a personagem de Beckett, se situa numa janela aberta a quem passa. Alterando a expressão de espanto para momentos de suspensão do todo, exclamando o final de uma frase vezes sem conta, numa sucessão de encadeamentos, de fragmentos e repetições, dão-se os encontros, consigo, com o mundo, com a vida.
“E isto? pergunto eu – é suposto ser o quê?”
Texto: Cristina de OAlves (Madame Zine)

Técnica/Materiais:Transferência de imagem sobre tela (fotografia), com aguarela e tinta acrílica, livro com diversos tipos de papel colados e fotografias de auto-retratos sobre papel de aguarela, moldura, dobradiças e fecho de metal.